É possível confiar nos dados de combustível do ECM?

É possível confiar nos dados de combustível do ECM?

Quão precisos são os dados de combustível do seu ECM?

Este artigo aborda as diferentes estratégias de medição de combustível utilizadas na mineração. As três abordagens mais comuns são:

  1. Estimativas de consumo de combustível pelo módulo de controle eletrônico (ECM)
  2. Medição pelo abastecimento do tanque (Tank Fill)
  3. Medição direta a bordo do equipamento

A seguir, os benefícios e limitações de cada uma dessas abordagens.

1. Estimativas de consumo pelo ECM (Engine Control Module)

Se um motor utiliza injeção eletrônica de combustível, o módulo de controle eletrônico (ECM) automaticamente monitora quanto combustível está sendo injetado. Os fabricantes de motores criam modelos que relacionam o tempo de abertura dos injetores com a quantidade de combustível que deve passar por eles. Esses modelos funcionam em tempo real e acumulam pequenas quantidades de consumo cada vez que um injetor dispara.

Em geral, os fabricantes (OEMs) fazem um bom trabalho, mas a precisão desses modelos depende diretamente da aderência das condições reais de operação aos pressupostos de projeto. Com o tempo, os injetores envelhecem e acumulam resíduos, a pressão do combustível varia, e os cilindros perdem compressão. Esses fatores comprometem a precisão do modelo.
Ao aplicar esse modelo a uma frota com equipamentos de diferentes fabricantes e idades, surgem erros significativos de repetibilidade e precisão nas estimativas de consumo.

A Cascadia Scientific comparou os dados de consumo reportados pelo ECM com valores medidos por medidores de fluxo instalados no equipamento, durante o mesmo intervalo. O resultado: a acurácia do ECM variou bastante entre diferentes modos operacionais, com tendências tanto de subestimar quanto superestimar o consumo. Embora esses erros possam se compensar ao longo de períodos mais longos, eles geram desvios relevantes em análises de curto prazo, limitando a granularidade da informação.

Tabela: Consumo de Combustível – ECM vs Medido (mina a céu aberto no Canadá)
Modelo Medição Real (l/h) ECM (l/h) Erro (l/h) Erro (%)
930E-4 217.5 229.6 12.1 5.6%
930E-4 207.2 216.4 9.3 4.5%
930E-5 146.6 149.6 3.0 2.1%
980E-5 177.9 178.8 0.9 0.5%
797 234.0 256.8 22.8 9.7%
797 274.4 290.0 15.6 5.7%
2. Medição pelo Abastecimento do Tanque (Tank Fill)

Se a precisão é o ponto fraco dos dados do ECM, ela é o maior trunfo da medição via abastecimento de tanque. Ao contrário do que acontece com medidores embarcados, todo o combustível que passa pelo medidor da estação de abastecimento tem um único destino. Na ausência de vazamentos ou desvios, o total abastecido será o total consumido. Esse método também ajuda a controlar os níveis de estoque de combustível, já que o que sai do depósito equivale ao que vai para a frota.

No entanto, esse tipo de medição se limita a informar um único valor:
“A quantidade total de combustível consumido por um equipamento desde seu último abastecimento, considerando que o nível do tanque foi igualado nas duas ocasiões.” Ele não oferece granularidade suficiente para análises mais detalhadas sobre o comportamento diário do equipamento. Um caminhão pode ser abastecido uma vez ao dia, mas durante esse período pode realizar 50 ciclos de transporte com variação de distância, carga, desnível, operadores e até 40% do tempo em marcha lenta.

3. Medição Direta de Combustível

A medição direta do consumo de diesel é uma tarefa complexa. Os motores a diesel recebem mais combustível do que consomem, com o excedente retornando ao tanque. Esse excesso é necessário para resfriar componentes como injetores e o próprio ECM, e para garantir que o motor nunca fique sem combustível.

Isso torna a medição complicada, pois é necessário instalar dois medidores:

  • Um para registrar o volume alimentado ao motor
  • Outro para registrar o volume devolvido ao tanque


A diferença entre os dois representa o consumo efetivo. O volume que não é queimado é ruído de medição. Em situações extremas (como motorização passiva), o combustível pode circular em alto volume mesmo sem consumo algum. Apesar de essas condições serem raras em minas, exigem medidores extremamente precisos para evitar distorções.

Outro desafio é a temperatura do combustível. Como os medidores são volumétricos, é necessário medir também a temperatura para corrigir a diminuição da densidade causada pelo aquecimento do combustível ao passar pelo motor.

4. Conclusão

A medição direta do consumo de combustível é complexa, mas oferece a melhor combinação de precisão e frequência de amostragem. É a abordagem mais indicada para mineradoras que buscam otimizar a eficiência operacional com base em dados reais, especialmente em programas de melhoria contínua ou redução de emissões.